quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Namoro e casamento tradicional há mais de 100 Anos

Dos encontros ocasionais nos trabalhos agrícolas, serões e bailes, ou por interesse entre famílias da região, muitos namoros se arranjavam e, quando se ajeitavam começavam a encontra-se: a rapariga sentava-se, nas tardes de Domingo ou dias Santos, num banco de madeira junto à porta da rua, isto é, porta principal da casa. Ao lado da rapariga, uma cadeira, um pouco mais alta que o seu banco, aguardava o namorado.

Após um periodo de tempo variável, o rapaz pedia autorização para entrar em casa, mostrando assim aos pais da rapariga as suas boas intenções, ou seja, o seu propósito de vir a casar com ela. Dada a autorização, o namoro tinha lugar na "sala de fora" e podia prolongar-se até mais tarde à luz da candeia.

Quando pensavam em casar, tinha lugar uma reunião de família. Nessa ocasião o rapaz dirigia-se aos futuros sogros, nos seguintes termos:

"como vossemecês sabem, não é segredo nenhum, a gente namora-se há já algum tempo. Eu tenho interesse nela e ela diz ter interesse em mim. Temos pensado em casa. Precisamos da vossa autorização e benção".

Os pais respondiam:

"damos-te autorização. Agora peço-te que a respeites a ela e à casa".

O rapaz:
"Quanto a isso estejam descansados"

Os pais:

"Com respeito à casa para vocês viverem, vamos falar com os futuros compadres para se ver onde ela pode ser construída e as despesas serão conforme se combinar."

Aprovado o casamento, tinha início a construção da casa e uma vez concluída, acordava-se a data do casamento e quais as pessoas a convidar.
As bodas eram em casa dos respectivos pais.

A noiva apresentava-se de vestido preto:
saia rodada chegando ao tornozelo; blusa ou casquinha, justa e cintada, lenço de cabeça cujas pontas pendiam sobre o peito e ou chapéu preto de feltro. Calçava meias brancas rendadas e sapatos de cabedal preto.

O noivo, também vestia fato preto: calça à boca de sino, colete com gola de veludo; cinta preta de cetim enrolada à cintura. Chapéu de aba larga, preto e botas de cabedal.

Retirado de um "livrinho" editado pela Junta de Freguesia de Leiria em 2003, numa recolha junto do Rancho da Região de Leiria, entre outros.

1 comentário:

  1. Que bonita história! Não conhecia :) Obrigada por partilharem connosco tantos saberes e ensinamentos. Parabéns pelo trabalho que têm feito no blogue.
    Beijinhos
    Carina

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